Experimentei diversos contextos como mediador de leituras. Já fiz mediações pontuais para pequenos e grandes grupos em Fortaleza e em outras cidades do Brasil. Já fui mediador de uma biblioteca, construindo e propondo atividades e experiências de leitura com a Bibliotecária.
Mas, meu tipo preferido de mediação é o recorrente. Quando grupo você convive durante um período, por vários encontros, com um grupo, estabelecendo uma relação e um entendimento mais aprofundado.
No projeto SESC Abraço literário itinerante tive a oportunidade de ficar com duas turmas por semestre. Foram 5 anos de atividades e muitas turmas trabalhadas, uma experiência enriquecedora na qual pude testar e experimentar muitas ideias sobre mediação.
Adolescentes são naturalmente dinâmicos, para essa galera horas e horas estáticos presos a suas cadeiras em salas de aula não é nada prazeroso, pelo contrário, é pesaroso. Senti que era necessário mobilizar corpo, espaço e leitura. O jogo foi meu grande aliado.
Antes de saber a resposta da minha enquete vamos pedir ajuda a Wikipédia e saber o que é um jogo.
Jogo – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org):
Jogo (do latim: "jocus", que significa brincadeira, divertimento)[1] é toda e qualquer atividade em que exista a figura do jogador (como indivíduo praticante) e regras que podem ser para ambiente restrito ou livre.
Jogos são atividades estruturadas, praticadas com fins recreativos e em alguns casos fazem parte de instrumentos educacionais, onde são usados jogos para passar uma mensagem aos jogadores (vencedores e perdedores).
Jogos geralmente envolvem estimulação mental ou física e muitas vezes ambos. Muitos deles ajudam a desenvolver habilidades práticas, servem como uma forma de exercícios ou realizam um papel educativo, simulação ou psicológica.
Você pode considerar o instrumento desenvolvido por mim uma brincadeira, não um jogo. Sei que há uma distinção importante, mas acredito que as fronteiras são bem mais difusas que imaginamos. Se mesmo assim você queira aprofundar a discussão indico o Homo Ludens, de Johan Huizinga.
O Disparate de Leitura
Disparate, para algumas pessoas, pode ser sinônimo de asneira. “ - Isso é um disparate”.
Na minha infância era um jogo/brincadeira estudantil. A dona/dono do disparate, em um caderno exclusivo para esse fim, fazia perguntas no topo da página e deixava espaço para receber respostas (igual a foto inicial dessa publicação).
Durante todo o ano letivo o caderno ia circulando na sala, era ao mesmo tempo jogo e fonte de informação, instrumento de paquera… e por ai vai.
A ideia do “Disparate de Leitura” é ser uma fonte de informação no início de uma jornada de mediação de leituras. Desse modo a mediadora consegue obter um certo perfil das pessoas com quem vai trabalhar, dando-lhe material para aprimorar o planejamento das atividades.
É possível, e lúdico, fazer o Disparate da maneira tradicional, usando um caderno, colocando as perguntas no topo da folha e deixando pelo menos duas ou três páginas livres de espaço de resposta. Principalmente se a distância entre as mediações forem pequenas e você tiver convivência com o grupo, por exemplo, se você for professora de uma escola.
Outra opção é fazer simplificado, imprimir várias cópias e distribuir entre as participantes e depois recolher as informações. Eis um modelo:
Você pode incrementar com as perguntas que você deseja fazer. Que tal responder meu disparate?
Estudos
A arte de ler, Michèle Petit
A última edição do nosso encontro foi um sucesso, estudamos e conversamos sobre o livro A importância do ato de ler, de Paulo Freire. As anotações para os assinantes estão disponíveis no link:
Anotações - Estudos
Nosso próximo encontro será sobre o livro da antropóloga francesa Michèle Petit, A Arte de ler, ou como resistir à adversidade. Nesse livro a autora buscou através de pesquisa de observação entender se a leitura teria impacto social na vida dos leitores. Para isso visitou projetos de leitura em lugares de realidades vulneráveis.
As inscrições para nosso encontro pode ser feitas no formulário. Quem participou das duas edições anteriores não precisa fazer nova inscrição.
Outras Leituras
Noites Gregas.
O que é um deus?
O professor doutor Cláudio Moreno mantém desde 2019 um podcast especial sobre o universo da mitologia grega. Durante os episódios você descobre história dos deuses, heróis e meros mortais.
O tema desse podcast perpassa a literatura e a cultura ocidental, de modo que sempre temos referências dos mitos gregos em livros, poemas, filmes, músicas, artes visuais, teatro, logo, além de ser muito divertido escutar as verdadeiras sessões de contação de histórias do professor Cláudio Moreno, o Noites Gregas proporciona conhecimentos para ampliar nossos repertório de leitura.
Você pode escutar pelo site:
Noites Gregas – Podcast sobre mitologia grega do professor Cláudio Moreno
ou através da sua plataforma de podcast predileta.
Prateleira cearense
Meu amor Meu ódio
Alexandre de Almeida
Um livro inteiro dedicado aos amores, algumas vezes uns desamores no caminho. Esse é o livro do escritor cearense Alexandre de Almeida (@estantedoale). O livro é um álbum muito contemporâneo de relações afetivas em que distância, erotismo, desejo, lembranças e realizações estão bastante presentes.
Alê consegue inserir a contemporaneidade da língua e dos afetos nos seus poemas, gerando uma familiaridade com o lido, de tal forma que Meu Amor Meu Ódio é para ler e reler muitas vezes, pois mesmo áspero em determinados momentos o gosto é doce como os sonhos juvenis.
Quem deseja experimentar esse açúcar demerara em sua boca pode comprar o livro que saiu pela editora Folheando no site. Ou fala com o autor no instagram, com toda certeza o Alê vai amar te responder e você ainda pode usufruir do excelente conteúdo literário que ele produz.
O que vem por aí
Março, mês da poesia.
Mesmo com a mudança do dia nacional da poesia de Março para outubro, esse mês continua sendo o mês da poesia pra mim. Afinal, mesmo gostando muito do Drummond, acho que Castro Alves jamais deveria ter sido desprestigiado e tomado seu dia como o dia da poesia Brasileira. Já o dia mundial da poesia em Março.
Em comemoração tenho algumas novidades para nossas assinantes do Leituras no Plural, vocês irão ter acesso a todos os poemas do meu futuro livro de micropoemas, o Rasteiras. Além disso vamos ter um encontro virtual sobre a vida e obra poética de Manuel Bandeira, meu escritor preferido. As/os assinante já tem vaga garantida.
Já pra os seguidores vou disponibilizar o projeto “Março mês da poesia #1 poema todo dia”, ação de 2018 onde apresentei durante todo mês de março vários poemas e poetas do mundo, irei resumir em 5 publicações extras da news as segundas-feiras, para vocês iniciarem a semana mais poética.
Que o mês de março seja repleto de poemas, aproveita e chama suas amigas e amigos para conhecerem a Leituras no Plural.
Aqui no Rio a gente chamava de 'Caderno de perguntas ' kkkkkkkk nome muito sem graça. Disparate é muito mais interessante!
Disparate desbloqueando uma memória! 🤭