Israel comete terrível genocídio contra o povo palestino, as big techs se aliam ao pior para a manutenção dos seus impérios, El Salvador promove atrocidades que são transformadas em bons exemplos por partidos de extrema direita pelo mundo. Esta não é a melhor temporada no planeta terra.
Os acontecimentos políticos e econômicos carecem de ser compreendidos e apreendidos, pois em um mundo de anestesias eficazes saber dos sofrimentos e injustiça já não basta para mobilizar pessoas.
Nesse contexto se torna mais evidente a função primária da leitura, a de nos posicionar no tabuleiro do mundo. Pensar leitura apenas como um processo de decodificação da linguagem escrita que nos insere no cotidiano burocrático ou que nos permite sermos consumidores de textos é insuficiente. Apenas nos empurra para aniquilação.
Educadoras e mediadores de leitura que lidam com esse conceito mecânico de leitura que se limitado a descrever os objetos do mundo, não colaboram para a verdadeira função da mesma que é a de constituir conhecimento e elucidar os contextos.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente, ou seja, com a linguagem se inventa o mundo e, sendo a leitura tecnologia do acesso e operação da linguagem será somente através dela que conseguiremos reverter a realidade tão desigual, violenta e escravizante que nos impõem os “donos do mundo”.
Uma pessoa mediadora de leitura que não compreende essa dimensão do seu fazer explicada por Paulo Freire em seu “A importância do ato de ler” transforma-se só em mais uma ferramenta das elites econômicas, políticas e militares do mundo.
Lembre-se: Texto= texto+contexto. Contexto é linguagem aplicada ao mundo. Mediadoras e mediadores de leituras que não compreendem o contexto do mundo correm o grande risco de praticar uma ingenuidade nociva, principalmente contra os mais vulneráveis.
Ps: Crônica baseada nos elementos e conceitos apresentados por Paulo Feire no livro citado no texto.