O ano de 2014 marcava o surgimento da Editora Substânsia, uma das primeiras pautas que discutia com Madjer e Nathan, meus sócios e fundadores da editora, era a preocupação com uma paridade de gênero em nosso catálogo.
Éramos 3 homens, e uma editora de homens publicando homens não me agradava nenhum pouco. Não só porque sempre estive muito atento as questões de raça, classe e gênero, mas porque boa parte do que lia do perfil escritor brasileiro, branco, cis, hétero, causava-me profundo tédio.
O pano de fundo dessa realidade não precisava nem de uma pesquisa retratos da leitura para entender, era a olhos vistos que as mulheres liam, e ainda hoje leem muito mais que os homens, e, ao contrário do que se acreditou por muito tempo, bons escritores não se formam só com a força do ego. Estudos, leitura, observação e intercâmbio de conhecimentos são muito necessários para a formação de uma autora/autor.
A questão me parecia tão óbvia que os melhores nomes da literatura naquela época no Ceará já era Ana Miranda, Tércia Montenegro e Socorro Acioli. E, no contexto fora do Ceará, de longe o nosso maior nome era e ainda é o de Conceição Evaristo.
A XV Bienal Internacional do Livro do Ceará escolheu acertadamente seu tema e suas curadoras. Quem deve governar a literatura desse país não são os grandes conglomerados de empresas, as distribuidoras, nem os dispositivos de mídia, em sua maior parte ainda tão masculino, a literatura precisa ser conduzida por quem mais entende dela, leitores, e as mulheres é a maioria leitora do Brasil.
A Substânsia, minha editora, tem um catálogo repleto de excelentes escritoras e temos convidados nomes como os de Sarah Diva, Amanda Nunes, Camila Chaves, Isabel Costa, Tuyra Andrade para colaborar em diversas etapas que envolve a feitura dos nossos livros. Agradeço a generosidade de cada uma delas e espero contar com essas grandes profissionais para continuar aprendendo.
Do mais, louvar e agradecer a Bienal Internacional do Livro do Ceará que fez um lindo trabalho. Que continuem apostando nas mulheridades, a literatura brasileira precisa delas.
Meu querido, antes mesmo da Substância, já admirava sua verve criativa e crítica no curso de Letras da UFC, depois nos corres de saraus, lançamentos, quando você mesmo foi curador numa Bienal do Livro, e no trabalho inspirador da Livro Livre Curió. O chão de sua casa acolheu Conceição Evaristo, que até fez a unha com sua mãe, nunca vou esquecer! Por isso que faço festa quando te vejo. O stand da editora ficou lindo nesta bienal que também foi espaço de memória, axé e muitos, muitos encontros e encantos. Obrigada por tudo. Você é massa!
💚✍🏾